terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Quem vai descer do trem?

Acordei um dia desses, na madrugada, ouvindo um apito de trem muito alto e alguém gritava:

- Quem vai descer do treeeeemmmmmmm??????

Então, me ví em um grande e escuro trem, infinitamente comprido, cheio de pequenas cabines e de janelas com cortinas pretas.

Fui andando pelo trem, e em cada cabine era um momento da vida de cada pessoa, cada momento gerava automaticamente outra cabine, todas as cabines eram muito escuras de pouca luz.


Algumas cabines se destacavam por terem uma luzinha fraquinha amarelinha... e em geral essas eram os momentos onde estavam nascendo bebês.


Então novamente soou o apito e novamente alguém gritou:


- Quem vai descer do treeeeeeeeeeemmmmmmm?????


Curiosa, me dirigi a saída, e logo estava do lado de fora, em um vagão onde era como uma praça, aberto, com alguns bancos e pessoas muito tristes sentadas,


Me acomodei ao lado de um rapaz que reconheci, estava triste, queria voltar ao trem, queria continuar sua vida, suas histórias, tinha saudade da família, sentia culpa pelos erros, e tinha sede dos seus bons momentos...


Continuei ali, observando, podia ler ele como quem lê um livro....


Tudo que podia ler era que ele queria continuar no trem.


Neste momento, aproximou-se um ser de características incomuns, pode-se dizer que era algum tipo de aracnídeo, que o carregou pelas laterais do lado de fora do trem....

acompanhei, pois queria muito ver o que era aquilo....

Aquele ser "aracnídeo" o colocou em uma fila em frente a uma janelinha com uma luzinha amarelinha, e então pude perceber que se formavam grandes filas em cada uma daquelas pequenas janelas com luz.


Todos queriam voltar! Todos ali, tinham profundas culpas, desejos, medos e todos queriam voltar pra reparar algo, repetir historias, momentos....


Chegou a hora do bebê nascer, a janelinha abriu e o rapaz entrou, e de longe ouviu-se, um grito:


- Estou num corpo de menina!


Então, voltei ao vagão onde mais parecia uma praça....

pensativa, sobre o que era tudo aquilo, observei tudo,
o trem infinito... escuro, sem vida, como uma prisão... como uma grande ilusão.

E do lado de fora?

Luz! Branca Luz!

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